Perspetivas de futuro para o setor Imobiliário em tempo de COVID-19

Boa tarde a todos,
Ontem, pude participar numa conferência da Abreu Advogados sobre o tema “Perspetivas de futuro para o Sector Imobiliário em tempo de COVID-19” e quero partilhar convosco umas notas sobre os temas abordados.

Os oradores foram Dr. Francisco Patrício e Dra. Patrícia Viana, advogados da Abreu Advogados, especialistas em Direito Imobiliário, Miguel Poisson, Managing Partner da Sotheby’s , Carlos Bastardo, General Manager da Imofundos, Joaquim Pinheiro, Diretor Central do BPI e o moderador Vítor Andrade, jornalista do Expresso e coordenador do departamento de Economia do jornal.

Os temas abordados tiveram como base as perguntas colocadas pelos participantes e, nem conseguiram, responder a todas as questões.

A questão acerca da baixa do valor dos imóveis foi a mais colocada.

A opinião geral é de que haverá uma ligeira baixa no valor dos imóveis. Mas tem muito a ver com o destino do imóvel. A curto prazo, consideram que irá existir uma procura inferior em escritórios, uma vez que o teletrabalho, vai permitir reduzir o espaço necessário para as empresas. A tendência é otimizar e potenciar o teletrabalho.

Nos imóveis destinados a comércio, consideram que existirá mais oferta, uma vez que muitas empresas não conseguirão emergir desta crise e outras poderão procurar espaços mais pequenos, mais acessíveis ou em outros locais.

Em relação a imóveis residências, concordaram todos que os imóveis que estão localizados em zonas prime sofrerão baixa de valor.

No geral, acreditam que a procura por imóveis residenciais continuará a existir, mas os créditos e as taxas bancárias serão também um facto decisivo nessa procura.

Surpreendentemente (palavra dos próprios) acreditam que existiram muitos hotéis ( e outros relacionados) à venda. A procura na área de logística será um sector em crescimento quando houver a retoma da economia. E irão surgir novos nichos de mercado, como por exemplo imóveis no campo e nas aldeias.

Outra questão colocada foi em relação às moratórias, os créditos futuros e os bancos.

O diretor do BPI considera que os bancos estão mais fortes e mais capitalizados atualmente, mas o crédito bancário será ainda mais analisado a partir deste momento, uma vez que a economia em Portugal e em toda a Europa vai cair durante este ano. Acrescentou que se as taxas se mantiverem baixas, o mercado imobiliário ficará em alta. Em relação às moratórias que estão com um prazo de 6 meses, considera que o prazo poderá ser alargado, mas tudo dependerá da recuperação da economia.

Na opinião de todos, a economia não irá recuperar em “V”, mas sim em “U”, sendo que a base do mesmo será muito longa.

O futuro do alojamento local também foi discutido e na opinião da Dra Patrícia Viana, muito ligada a projetos de licenciamento turístico e alojamento local, haverá uma transição destes imóveis para arrendamento de curta e média duração. O AL está limitado ao retomar e ao crescimento do turismo, a quando e como vai acontecer.

Além de que, antes da pandemia, a rentabilidade do AL, na sua maioria, não foi de encontro às expectativas dos proprietários.

Consideram que todos os novos contratos de arrendamento, de imóveis que anteriormente estavam no regime de alojamento local, devem ser bem analisados, tendo em conta que os inquilinos não podem ser prejudicados aquando da retoma do turismo.

Ao General Manager da Imofundos foi questionado se já existem boas oportunidades de investimento e/ou se já apareceram investidores à procura de comprar barato para vender mais caro. Confirmou que sim existem alguns, mas nada comparado com o que aconteceu na crise económica de 2011. Referiu que a confiança dos investidores está muito em baixo.

Dois pontos anunciados nesta conferência e que considero importantes, mas que ainda não estão definidos, pois estão a ser analisados pelo Ministério da Justiça, são:

- Os contratos (cpcv/arrendamento, etc) poderem ser legítimos e legais se assinados e enviados por email;

- A realização de escrituras virtuais.

Obrigada pelo vosso tempo.

Fiquem bem.



Micaela Castro

Departamento Jurídico

Remax Elite - Sugestão Inédita, med. Imob. Lda

Lic. AMI 9156